28/05/2007

PEÇA / SINOPSE / MONTAGEM


A PEÇA

Tendo como personagem central Manguary Pistolão, homem de meia idade, funcionário público por profissão e comunista militante por ideologia, Rasga Coração faz uma retrospectiva da vida política e dos rumos do Brasil desde a revolução de 30, do nascimento do movimento comunista brasileiro e do integralismo, até o início da década de 70. Utilizando planos da memória, a peça apresenta três gerações - avô, pai e filho - sempre em situações de luta, cada uma delas, para impor-se diante do autoritarismo dos que detêm o poder.

SINOPSE

“Manguary Pistolão vê repetir-se com o filho Luca o mesmo conflito de gerações que enfrentou com seu próprio pai, e ambos expulsam de casa seus filhos, quando estes optam por determinar seus próprios caminhos. A mesma intransigência e a mesma repetição de fatos Vianninha comprova na vida histórica do país. Custódio Manhães, o 666, expulsa de casa o filho Manguary Pistolão, que não quer ser funcionário público e é membro atuante do Partido Comunista. Anos depois este repete a mesma cena com o filho Luca, que não quer prosseguir nos estudos de medicina e decide aderir à contestação do movimento hippie. Manguary passa a tocha de luta para o filho, porque a revolução está sempre com a geração que começa vendo a experiência passada e querendo reformular o mundo para a sua própria vida”. (Carmelinda Guimarães, “Um Ato de Resistência – O Teatro de Oduvaldo Vianna Filho”).

A MONTAGEM

“O drama humano do homem e seus sonhos perdidos é o centro da trama e é o que será explorado na nossa montagem”, afirma Dudu Sandroni, optando hoje por um elenco de nove atores, sem o grande coro utilizado há 28 anos atrás. Os atores cantam e tocam instrumentos em cena: o cavaquinho fica com Alexandre Mofati, a viola de 10 cordas com Alexandre Dacosta, o violão com Dacosta, Tiago D´Avila e Pedro Rocha, e o pandeiro circula pelas mãos dos atores.

O cenário de Lidia Kosovski é o apartamento de Manguary Pistolão, ambientação única com seus antigos móveis e objetos, onde se passam as ações do presente e da memória. Por opção do diretor, as transições entre passado e presente se dão basicamente através do trabalho dos atores e da luz de Djalma Amaral. Os figurinos de Ney Madeira acompanham as épocas retratadas - dos anos 30 aos anos 70.

FICHA TÉCNICA




Texto: ODUVALDO VIANNA FILHO
Direção: DUDU SANDRONI

Elenco
ator convidado: ZÉCARLOS MACHADO como Manguary Pistolão
por ordem de entrada:
KELZY ECARD como Nena
ALEXANDRE DACOSTA como Custódio Manhães (666)
ALEXANDRE MOFATI como Camargo Velho
XANDO GRAÇA como Lorde Bundinha
PEDRO ROCHA como Luca
apresentando:
TIAGO D´AVILA como Camargo Moço
MIRIAM ROIA como Milena
participação especial:
EXPEDITO BARREIRA como Castro Cott

Cenário: LIDIA KOSOVSKI
Figurino: NEY MADEIRA
Iluminação: DJALMA AMARAL
Programação Visual: LUIZ HENRIQUE SÁ
Trilha sonora: Oduvaldo Vianna Filho
Diretora assistente: PAULA SANDRONI
Assistente de Direção: GUSTAVO ARTHIDORO
Direção de Cena: CARLOS GIL
Produção Executiva: MONICA FARIAS - ARUANDA EVENTOS
Direção de Produção: ALEXANDRE MOFATI
Coordenação de Produção: DUDU SANDRONI
Realização: OFÍCIO PRODUÇÃO E COMUNICAÇÃO LTDA.
Assessoria de Imprensa: JOÃO PONTES E STELLA STEPHANY – JSPONTES COMUNICAÇÃO

SOBRE VIANINHA


Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) viveu apenas 38 anos, tempo suficiente para ser reconhecido como um dos maiores nomes da história da dramaturgia brasileira. Autor, ator, pensador do teatro e da cultura, Vianinha procurava criar um teatro que refletisse os problemas das classes populares brasileiras, procurando formas de expressão que estimulassem atitudes críticas diante desses problemas.

Vianinha estreou no teatro em 1955, atuando como ator na peça Rua da Igreja, de Lennox Robinson. Desde então participou dos mais importantes grupos de teatro da época, como o Teatro Paulista do Estudante (1954-1955), o Teatro de Arena (1955-1960) e o Centro Popular de Cultura da UNE (1960-1963), sendo um dos criadores deste último.

Destacam-se em sua obra dramatúrgica as peças Chapetuba Futebol Clube (1959), A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar (1960), Auto dos 99% ou Como a Universidade Capricha no Subdesenvolvimento (1962), Os Azeredo mais os Benevides (1963), Papa Highirte (1968) e Rasga Coração, sua última peça, concluída no leito de morte, em 1974.

RASGA CORAÇÃO


No dia 16 de julho de 1974, morria de câncer aos 38 anos de idade no Hospital São Silvestre, no Rio, o ator e dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, deixando de herança 23 textos teatrais. De cama, ele ditou para sua mãe - pois já não conseguia mais escrever - o segundo ato de Rasga Coração. Escrita entre os anos de 1972 e 1974, Rasga Coração venceu o Concurso de Dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro em 1974, sendo censurada logo em seguida. Apesar do imediato reconhecimento da crítica, a peça, como muitas outras de Vianinha, teve que aguardar um longo período para poder ser encenada. A estréia nacional ocorreu em 1979, no Teatro Guaíra, em Curitiba, com um elenco que contava com nomes como Raul Cortez, Ary Fontoura e Lucélia Santos, dirigidos por José Renato.

Repleta de músicas e de gírias das épocas de 30 e 60, fruto de uma meticulosa pesquisa lingüística e historiográfica, Rasga Coração é apontada como a obra prima de Vianinha, podendo ser considerada a síntese de todo o seu trabalho dramatúrgico. No prefácio da obra, o autor apresenta os objetivos da peça:
“Rasga Coração é uma homenagem ao lutador anônimo político, aos campeões das lutas populares; preito de gratidão à Velha Guarda, à geração que me antecedeu, que foi a que politizou em profundidade a consciência do País. (...) Em segundo lugar, quis fazer uma peça que estudasse as diferenças que existem entre o novo e o revolucionário. O revolucionário nem sempre é novo e o novo nem sempre é revolucionário.” Vianinha não teve tempo de ver sua obra-prima encenada nem seus objetivos atingidos, pois morreu poucos dias após a conclusão da peça.

Texto – Release Geral Resumido

A montagem tem como protagonista o premiado ator paulista Zécarlos Machado que fez a novela “Páginas da Vida” da Rede Globo (“Nestor” – marido da Renata Sorrah), e que recebeu em 1995 o prêmio de teatro APCA (SP) pela atuação em “Corpo a Corpo”, também de Vianninha. Além de Zécarlos o elenco conta com mais 7 atores do cenário teatral carioca.

O texto, considerado a obra prima de Vianninha, há 28 anos não tem uma montagem profissional, pelo menos no Rio, desde sua marcante estréia em 1979 com Raul Cortez e Ary Fontoura. Mais conhecido por sua concepção do seriado “A Grande Família” da Rede Globo, em sua primeira edição nos anos 70, Vianninha é considerado pelos críticos como um dos grandes dramaturgos brasileiros do século XX.

Por meio do conflito central da relação pai e filho – tema universal e atemporal - a história mostra, nos anos '70, o funcionário público de meia idade Manguary Pistolão em confronto com as idéias e caminhos de seu filho, ao mesmo tempo em que mergulha nas lembranças de sua própria juventude e dos conflitos com seu pai, nos remetendo aos anos '30 e '40 com músicas e referências à Era Vargas. Utilizando planos da memória traça um paralelo de três gerações: o avô, o pai e o filho, mostrando sempre situações de luta do indivíduo para impor-se diante de todo tipo de autoritarismo, até um final emocionante.